STF mantém acordo da delação premiada de Mauro Cid 

Para Moraes, colaborador esclareceu contradições apontadas pela PF

Após uma audiência de três horas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter a validade do acordo de delação premiada firmado pelo tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro concluiu que o depoente esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal (PF) durante a oitiva realizada na última terça-feira (19).

Depoimento segue para complementar investigações

Com o depoimento validado, Moraes encaminhou o material novamente à Polícia Federal para complementação das investigações relacionadas aos casos envolvendo tentativa de golpe de Estado, venda de joias sauditas e fraudes em cartões de vacina.

Segundo a defesa de Mauro Cid, os benefícios previstos no acordo de colaboração foram mantidos após a audiência, e o militar prestou todos os esclarecimentos solicitados. No entanto, o conteúdo do depoimento segue em sigilo.

Negativas e contradições sobre plano golpista

Na oitiva de terça-feira, Mauro Cid negou qualquer envolvimento ou conhecimento sobre o suposto plano golpista para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. Contudo, as investigações da Operação Contragolpe, deflagrada no mesmo dia, indicam que o militar esteve presente em uma reunião-chave para a trama golpista.

De acordo com as apurações, a reunião ocorreu em 12 de novembro de 2022, na residência do general Braga Netto, em Brasília, com a participação de Mauro Cid. Essa evidência contradiz a declaração do colaborador, o que levantou questionamentos sobre a extensão de sua cooperação.

Acordo de delação e implicações

Firmado no ano passado, o acordo de delação premiada comprometeu Mauro Cid a revelar detalhes de sua atuação e do governo Bolsonaro, incluindo casos de venda de joias sauditas e fraudes em cartões de vacina. O militar é um dos 37 indiciados no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula.

A manutenção do acordo reforça a continuidade das investigações e amplia a pressão sobre outros envolvidos na trama golpista, consolidando a delação como uma peça central na apuração dos eventos relacionados à transição do governo Bolsonaro para o de Lula.


Próximos passos

Com o material revisado e encaminhado à Polícia Federal, a expectativa é de que o conteúdo da colaboração de Mauro Cid forneça novas provas e esclareça lacunas cruciais nos inquéritos sobre tentativa de golpe e crimes financeiros. A delação mantém seu status como ferramenta essencial para desvendamento das ações que impactaram a estabilidade democrática no país.

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