Saúde do Rio demite 20 funcionários após morte de paciente em UPA

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro anunciou, nesta segunda-feira (16), a demissão de 20 funcionários que estavam de plantão na UPA Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, no momento em que José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, faleceu enquanto aguardava atendimento na última sexta-feira (13). Entre os demitidos estão quatro médicos, além de enfermeiros, recepcionistas e porteiros.

O secretário de Saúde, Daniel Soranz, já havia antecipado no sábado (14) a decisão de desligar toda a equipe de plantão, classificando a situação como inadmissível. Além das demissões, os profissionais serão investigados por meio de sindicância e denunciados aos seus respectivos conselhos de classe.

Declaração oficial

Todos os profissionais que estavam no plantão da UPA Cidade de Deus na noite do ocorrido serão demitidos, responderão à sindicância e serão denunciados aos seus conselhos de classe. É inaceitável que não tenham percebido a gravidade do caso”, destacou Soranz nas redes sociais.

Relato do caso

Segundo Douglas Batista da Silva, porteiro e amigo que acompanhava José Augusto, ambos chegaram à unidade por volta das 19h40, mas a triagem só foi realizada 50 minutos depois, às 20h30. A declaração de óbito indica que o falecimento ocorreu às 21h.

Douglas relatou que José Augusto reclamava de fortes dores e apresentava vômito, situação que deixou claro ser uma emergência aos funcionários da unidade. O porteiro também contou que retornou para casa para cuidar do filho e ficou sabendo do óbito apenas pelas redes sociais.

Vida de José Augusto

José Augusto morava sozinho em Rio das Pedras e trabalhava como artesão durante o dia, vendendo peças em praias, e como garçom à noite, em um restaurante na Barra da Tijuca. Com dificuldades financeiras, chegou a viver nas ruas de Copacabana após o término de um relacionamento.

“Ele sofria muito. Eu mesmo alertei na recepção que ele estava mal. O que aconteceu foi um absurdo”, desabafou Douglas.

Investigação e sindicâncias

A imagem de José Augusto morto, sentado na sala de espera da UPA, viralizou nas redes sociais e gerou grande comoção. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Comissão de Saúde da Câmara do Rio. O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) também abriu uma sindicância para apurar possíveis responsabilidades no caso. O prazo para conclusão é de 90 dias, mas pode ser antecipado conforme o andamento das investigações.

Repercussão e insatisfação

Moradores da região e frequentadores da UPA Cidade de Deus manifestaram indignação com o atendimento prestado pela unidade. A falta de agilidade e sensibilidade para casos graves foi um dos principais pontos de crítica.

O caso de José Augusto reforça os debates sobre a qualidade do atendimento nas unidades de saúde pública do Rio de Janeiro e evidencia a necessidade de melhorias urgentes no serviço prestado à população.

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