O Complexo do Maracanã, palco de duas finais de Copa do Mundo e símbolo máximo do futebol brasileiro, foi incluído na lista de imóveis que o governo do estado do Rio pretende vender. A medida, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj, causou surpresa e acendeu o debate político nos bastidores da Assembleia.
Segundo o relator do projeto, deputado Alexandre Knoploch (PL), o Flamengo “vê com bons olhos” a operação. “É o único clube com capital financeiro e torcida capaz de manter o Maracanã de pé. A venda poderia incluir uma condicionante para que outros clubes usem o estádio mediante pagamento de locação”, afirmou o parlamentar.
A inclusão do Maracanã e da Aldeia Maracanã na lista ocorre em meio à crise fiscal do estado, que prevê um déficit de quase R$ 19 bilhões em 2026. O estádio está avaliado em cerca de R$ 2 bilhões, e a venda faria parte do Projeto de Lei Complementar 40/2025, que autoriza a alienação de 62 bens públicos.
Nos bastidores, o movimento é visto como um gesto político do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União) — pré-candidato ao governo do estado e possível adversário de Eduardo Paes (PSD) em 2026. Bacellar se reuniu recentemente com o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, para discutir o tema.
Por outro lado, o consórcio Flamengo-Fluminense, que detém a concessão do estádio até 2044, afirma que cumprirá o contrato vigente. Parte do complexo — como o Parque Aquático Julio Delamare e o antigo Estádio de Atletismo Célio de Barros — continua sob administração estadual e é alvo de investigação do Ministério Público Federal, devido ao tombamento pelo Iphan.
O projeto ainda precisa ser aprovado em plenário e sancionado pelo governador Cláudio Castro (PL). Até lá, a pergunta que ecoa na cena criada pela política é: quem vai salvar o Maracanã da lista de venda?

