Ex-presidente do Ibama não concorda com aval para Petrobras perfurar na Foz do Amazonas

A Petrobras recebeu autorização do Ibama para perfurar um poço em águas profundas na Margem Equatorial brasileira, localizado a 175 km da costa do Amapá e a 500 km da Foz do Rio Amazonas. Segundo a estatal, uma sonda já está posicionada no local e os trabalhos de perfuração começarão imediatamente.

Em entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira (21), Suely Araújo — ex-presidente do Ibama entre 2016 e 2018 e atual coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima — criticou a decisão. Ela destacou que o papel do Ibama é apenas avaliar a capacidade da Petrobras de lidar com possíveis acidentes, sem interferir na política energética do governo. Para Suely, a liberação representa uma “dupla sabotagem”: abre caminho para novos licenciamentos na região e enfraquece a imagem do Brasil como liderança climática, especialmente às vésperas da COP30.

Nesta fase inicial, a Petrobras busca avaliar o potencial econômico da exploração de petróleo e gás na área. A meta é repetir o sucesso da ExxonMobil na Guiana, onde a empresa americana já opera mais de 30 jazidas desde 2015. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, celebrou a licença como “uma conquista da sociedade brasileira”.

A decisão do Ibama encerra cinco anos de debates internos no governo. Após intensas disputas entre ambientalistas e representantes do setor de óleo e gás, a aprovação ocorre a pouco mais de duas semanas da conferência climática COP30, que será realizada em Belém (PA). Entidades ambientalistas já anunciaram que irão contestar a decisão na Justiça.

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